O papel da coloproctologia no tratamento da endometriose

Quando a endometriose atinge o intestino, a cirurgia passa a ser uma boa alternativa para o tratamento. No momento que a antecede, o especialista em coloproctologia tem o papel de mapear as doenças intestinais que possam dificultar a cirurgia e solicitar exames complementares para elucidação diagnóstica.
Entre os exames necessários é feita uma avaliação anatômica do canal anal e reto. Essa avaliação é realizada inicialmente com preparo intestinal específico, através de enema (lavagem intestinal) e anestesia tópica (pomada).
Essa avaliação primária tem como objetivo identificar a anatomia da parte final do intestino grosso e os possíveis comprometimentos desse com outros órgãos adjacentes.
Exames de maior complexidade como a colonoscopia, manometria, ultra sonografia, clister opaco e defecorressonância podem ser solicitados após uma primeira avaliação. Esses exames tem a finalidade de aprofundar o estudo do aparelho digestivo e sanar eventuais dúvidas que possam estar presentes após a avaliação primária intestinal. Em geral, as pacientes com endometriose apresentam queixas de constipação (prisão de ventre), tenesmo (sensação de evacuação frequente), distensão abdominal, diarreia, sangramento e dor a evacuação.
Outro passo importante para a realização da cirurgia é o preparo intestinal. Esse preparo pode ser realizado com dieta, laxantes e lavagens e este é individual para cada paciente. O objetivo é diminuir o conteúdo fecal intestinal durante a cirurgia o que facilita o ato operatório e minimiza os riscos caso seja necessário a retirada de algum segmento intestinal.
A avaliação pré-operatória também serve para definir ou programar o tipo de cirurgia a qual a pciente será submetida. No tratamento da endometriose intestinal pode ser realizado desde uma simples raspagem do intestino (shaving) para retirada dos focos da doença ou até mesmo a retirada de um ou mais segmentos do intestino.
No pós-operatório pode ser necessária a colocação de sondas, drenos e até mesmo ostomias (colocação de parte do intestino no abdome). Essas ostomias podem ser necessárias como proteção para suturas intestinais próximas ao ânus ou em caso de intercorrêncis no pós-operatório. São raros os casos em que é necessário utilizá-las (na literatura gira em torno de 2%) e quando necessárias são de caráter provisório, sendo porém revertidas em um novo procedimento cirúrgico.
Ainda no pós-operatório, o intestino sofre uma alteração funcional e anatômica, isso pode ocasionar ou piorar a constipação (prisão de ventre), por isso o acompanhamento nutricional será fundamental assim como a consulta de revisão e a reavaliação intestinal .
Portanto, a presença do especialista é fundamental, pois é ele quem irá definir os procedimentos a serem realizados além de assegurar o suporte no período pós-operatório.

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