Afinal, o que é Endometriose?

Provavelmente você já deve ter ouvido falar desse nome em algum momento da sua vida, mas caso este assunto seja novo pra você, não se preocupe, vamos desvendar juntos o mistério dessa doença que atinge uma a cada dez mulheres no Brasil.

Antes de nos aprofundarmos sobre as dúvidas que rondam a endometriose, precisamos entender primeiro o porque que ela se manifesta em algumas mulheres.

O surgimento da doença ainda é uma pauta de muita discussão entre os médicos, pois até agora, várias teorias sobre a origem e manifestação da endometriose foram propostas.

O objetivo de uma teoria sobre a origem é apresentar uma explicação que reconcilie adequadamente tudo o que conhecemos sobre esta doença.

Geralmente, a teoria melhor aceita é adotada e usada para orientar e prever tratamentos e resultados.

Ao longo do tempo, se aparecer novas informações, esta teoria pode ser superada ou substituída por outra concorrente ou alternativa que possa ser adaptada para acomodar as novas descobertas.

Mas além das teorias, já podemos associar fatores comportamentais ao surgimento da doença e nesse artigo detalharemos tudo que você precisa saber para que a endometriose deixe de ser um mistério.

PRINCIPAIS SINTOMAS DA ENDOMETRIOSE

O principal foco da dor da endometriose é na região pélvica/abdominal.

Os sintomas da Endometriose são muito variados em intensidade, localização, tempo de duração, condição de manifestação, etc. Estes sintomas podem tornar a vida da mulher com endometriose bastante difícil e em alguns casos, incômoda e dolorosa, causando prejuízos de ordem profissional, financeira, sócio-emocional, de toda a sorte.

Listamos os principais sintomas mais marcantes e característicos da Endometriose, e que costumam ser os mais dolorosos e incapacitantes.

01- CÓLICA MENSTRUAL INTENSA (DISMENORREIA): 
A dismenorreia é um dos sintomas mais característicos e incapacitantes da Endometriose, e também um dos primeiros. Muitas vezes, as cólicas menstruais são tão intensas que incapacitam as mulheres de realizarem suas atividades habituais, como trabalhar ou estudar, por exemplo. Isso causa grandes prejuízos de ordem profissional e financeira, afetando ainda diversos aspectos da vida da mulher.

02 — ALTERAÇÕES INTESTINAIS DURANTE O PERÍODO MENSTRUAL:
Se a mulher sente dores ao evacuar, ou tem diarreia durante o período menstrual, isso pode significar que ela possui Endometriose.

03 — DOR DURANTE AS RELAÇÕES SEXUAIS (DISPAREUNIA): 
A dispareunia também é um sintoma muito frequente nos quadros de Endometriose e pode abalar severamente a qualidade de vida sexual do casal, em casos mais graves. Normalmente, a dor ocorre durante a relação sexual com penetração, quando o pênis encosta no fundo da vagina.

04 — DORES AO URINAR:
Outro sintoma indicativo de Endometriose é a dor persistente ao urinar, principalmente durante o período menstrual. Os implantes da Endometriose podem se fixar no sistema urinário, causando dores e desconforto.

05 — DIFICULDADE PARA ENGRAVIDAR OU INFERTILIDADE:

A endometriose é a maior causadora de infertilidade feminina.

De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), entre 50% e 70% das mulheres com a doença são inférteis.

POR QUE ISSO ACONTECE?
Inicialmente acreditava-se que a distorção anatômica encontrada, principalmente nas formas severas da doença seria a única responsável pelo processo de infertilidade. Entretanto, mesmo nas fases iniciais da endometriose (na completa ausência de deformidade da anatomia pélvica), encontra-se maior dificuldade para a concepção.

A partir desta observação, alguns pesquisadores conseguiram encontrar outros mecanismos que explicam este processo. Entre eles, destacam-se a anovulação crônica, o ambiente peritoneal hostil ao espermatozóide, defeitos na foliculogênese e dificuldade de implantação, ou seja, um endométrio menos receptivo.

QUAL O TRATAMENTO EM CASO DE INFERTILIDADE?
Estudos demonstraram que a videolaparoscopia para tratamento da endometriose aumenta as chances de a mulher engravidar, tanto na endometriose leve quanto na profunda. Este aumento acontece inicialmente graças à correção anatômica realizada na cirurgia.

“Não existe remédio para doença, por isso o tratamento é sempre cirúrgico”, conta o Dr. Crispi.

A cirurgia de endometriose tem como objetivo retirar os focos e nódulos de todos os órgãos, extinguindo a dor e devolvendo a fertilidade à mulher. Contudo, não são todos os casos de endometriose que requerem o procedimento.

O tratamento cirúrgico laparoscópico com ablação ou retirada de lesões endometrióticas e lise de aderências, pode ser realizado previamente a outras técnicas de reprodução assistida, devendo ser levados em consideração idade da paciente, tempo de infertilidade, dor pélvica e história familiar. Em pacientes jovens, terminado o procedimento, a mulher pode tentar uma gravidez natural por alguns meses.

Dr. Claudio Crispi e sua equipe multidisciplinar são especializados em endometriose.

Felizmente, já existem médicos especializados em Endometriose, que conseguem realizar um diagnóstico mais preciso e precoce da doença, utilizando o acompanhamento dos sintomas, exames físicos e exames de imagem, com destaque para a Ressonância Magnética, em função da sua grande eficiência na identificação de implantes de Endometriose impossíveis de detectar com outras tecnologias. Estes profissionais estão plenamente preparados para atuar no diagnóstico, tratamento e intervenção cirúrgica da Endometriose, através do uso de Cirurgias Minimamente Invasivas, que preservam a qualidade de vida da paciente no pós-operatório.

QUANDO FAZER A CIRURGIA DE ENDOMETRIOSE?

Infertilidade
É recomendável que a cirurgia seja feita quando a endometriose causa infertilidade por impedir a implantação e manutenção do embrião no útero. De acordo com Dr. Crispi, cerca de 60% a 70% das pacientes que se submetem ao procedimento recuperam a fertilidade.

Persistência da dor
Mulheres que não apresentaram redução da dor por meio de medicações também podem ser operadas. Nesses casos, há melhora do incômodo de 70% a 80% das vezes.

Comprometimento de função dos órgãos
A presença do endométrio fora do útero pode gerar sérias complicações, como o comprometimento da função dos órgãos afetados. O procedimento também é indicado nesses quadros.

Como é feita a cirurgia de endometriose?
A operação mais realizada é a laparoscopia, feita por vídeo e pequenas incisões, visto que a cirurgia aberta apresenta muito mais riscos e possui um pós-operatório bem mais longo.

Pré-operatório
Antes de tudo, é preciso mapear todos os focos da doença no organismo, imprescindível para que o médico saiba onde realizar as incisões. Isso pode ser feito por meio de exames como a ressonância nuclear magnética da pelve e do abdômen e a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal.

A cirurgia
Com anestesia geral, o procedimento é feito por videolaparoscopia, intervenção em que são feitas pequenas incisões no local que será operado e inseridas câmeras, também diminutas, para visualização interna, e braços robóticos, para manipulação. “A laparoscopia permite que a cavidade pélvica seja vista com muito mais detalhes e os focos sejam removidos com eficiência e delicadeza, trazendo o menor risco possível para a paciente”, conta o cirurgião Crispi. Contudo, o procedimento só é eficaz se todos os focos visíveis da doença forem retirados, visto que qualquer vestígio pode causar a recidiva da doença.

Dura quanto tempo?
A duração da cirurgia de endometriose depende da quantidade de focos a serem removidos, geralmente variando de quatro a seis horas. Contudo, em casos mais graves pode levar até 12 horas.

Recuperação
O pós-operatório da cirurgia de endometriose costuma ser rápido, pois o procedimento videolaparoscópico não é muito invasivo. Após 15 a 20 dias já é possível retomar a rotina normal, mas evitando atividades que envolvam muito peso.

QUAIS OS RISCOS DA CIRURGIA?
A cirurgia de endometriose por vídeo é considerada uma das mais difíceis de serem realizadas pois geralmente envolve muitos órgãos ao mesmo tempo. Assim como qualquer outro procedimento, também há riscos associados, como:

Trombose
A trombose é um risco comum a praticamente todas as cirurgias, já que as intervenções no corpo podem alterar o sistema circulatório, criando coágulos em veias ou artérias que podem se desprender e chegar a órgãos. Com isso, surgem complicações graves como embolia pulmonar, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O ginecologista e cirurgião Cláudio Crispi explica que quanto mais tempo leva um procedimento, maior é a chance do problema acontecer. Como a cirurgia de endometriose é longa, há chances maiores de ter trombose se comparadas com outros tipos de operações. Contudo, é possível reduzir a chance de desenvolver o problema por meio de medicações anticoagulantes, mobilização precoce e meias compressoras.

Lesões em órgãos
O especialista explica que a remoção dos focos ocorre, por vezes, com a retirada de alguns pedaços de órgãos, o que pode levar a complicações sérias. Por exemplo, se surgirem lesões na cirurgia de endometriose intestinal, pode haver comprometimento na cicatrização e a necessidade de fazer colostomia, um procedimento que cria um novo caminho e usa uma bolsa acoplada ao abdômen para que as fezes sejam eliminadas. Já em casos de complicações na região do nervo ciático, a paciente pode ter dificuldade em andar.

Fístulas
Esse é outra complicação que não acontece somente na cirurgia de endometriose, mas também em outros tipos. Chamada também de “vazamento de costura”, ocorre quando a sutura feita na cirurgia se rompe, causando graves complicações como infecções graves e hemorragias.

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE A ENDOMETRIOSE

Muitas perguntas ainda rondam essa misteriosa doença que, como já vimos, não tem uma causa definida. Provavelmente você também já deve ter feito uma dessas perguntas em algum momento, vamos esclarecê-las?

A endometriose é uma doença que ainda requer muito estudo e esclarecimentos.

ENDOMETRIOSE PODE SER FATAL?
A morte oriunda da endometriose é extremamente rara, mas pode ocorrer devido a complicações decorrentes da sua evolução. Os principais riscos à vida são oriundos das complicações nos quadros de endometriose profunda, como obstrução intestinal e urinária, que podem levar à morte, em casos extremos e excepcionais. Na endometriose, a principal preocupação médica é com a qualidade de vida da paciente, diminuindo os sintomas e devolvendo a qualidade de vida.

ENDOMETRIOSE PODE VIRAR CÂNCER?
É muito raro que um quadro de endometriose evolua para um câncer. Mas essa hipótese NÃO DEVE SER DESCARTADA! Sabe-se que a relação entre endometriose e câncer é muito pequena, entre 0,5% e 1% dos casos. Mas ainda assim, existe um risco.

POSSO ENGRAVIDAR TENDO ENDOMETRIOSE?
Sim, muitas mulheres que têm endometriose conseguem engravidar sem qualquer tratamento, dependendo do estado individual da mulher e do grau de comprometimento do organismo. Aquelas que já tiveram seu sistema reprodutor comprometido pela doença melhoram muito após o tratamento cirúrgico, recuperando uma grande parte da sua capacidade reprodutiva e sua fertilidade. No entanto, casos mais graves podem requerer, além da cirurgia, tratamentos como fertilização in vitro. A avaliação deve ser feita por médicos especialistas, com equipes multidisciplinares.

ENDOMETRIOSE TEM CURA?
Essa é uma resposta bastante complexa.
É possível remover TODOS OS IMPLANTES da doença, o que representa a cura da endometriose, na prática.
Porém, os estudos apontam que as causas da endometriose ainda não são plenamente conhecidas e, portanto, ainda não há um consenso científico acerca da “cura” da endometriose. Algumas teorias mais aceitas sobre a doença apontam para problemas no sistema imunológico ou fatores genéticos.
Sendo assim, mesmo depois da cirurgia para a remoção de TODOS OS IMPLANTES da doença (sim, isso é possível) é necessário manter a vigilância e o controle da alimentação e da qualidade de vida, com um acompanhamento rigoroso. É mais aceito e entendido que a doença esteja sob controle que curada.

ENDOMETRIOSE ENGORDA?
Sendo a endometriose e seus sintomas conhecidos, pode-se perceber que não há um ganho de peso ocasionado apenas pelo desenvolvimento da enfermidade, sendo suas principais características as dores e o sangramento desregulado.
Porém, a endometriose está fortemente ligada ao ganho de peso, pois o tratamento realizado para este diagnóstico é feito com medicamentos hormonais que tem como objetivo reduzir os sangramentos e controlarem as dores sentidas pelas pacientes. Outros medicamentos utilizados neste tratamento são os analgésicos e anti-inflamatórios, também com o objetivo de diminuir e controlar as fortes dores causadas pela endometriose.
No caso de tratamento cirúrgico, pode ocorrer uma sensação de inchaço após a cirurgia e, também, um ganho de peso devido aos medicamentos utilizados para a recuperação durante o processo pós-cirúrgico.

No entanto, com uma alimentação adequada e a realização de exercícios físicos após o período de tratamento, todas as mulheres que sofreram com o problema podem facilmente recuperar seu peso ideal sem maiores problemas.

DIA NACIONAL DO COMBATE A ENDOMETRIOSE

O dia 08 de maio foi instituído como Dia Nacional de Luta Contra a Endometriose e aprovada, por unanimidade, pela Comissão de Seguridade Social e Família.

Assista o vídeo que o Dr. Claudio Crispi gravou para enfatizar a importância da conscientização dessa doença que atinge uma a cada dez mulheres no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia Também

Conheça outros artigos publicados pela equipe do Instituto Crispi.

Nosso blog

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *