O primeiro contato das pacientes do Instituto Crispi com a nutricionista acontece no período pré-operatório, por meio de uma consulta presencial e individualizada, onde serão conversados aspectos relacionados à rotina alimentar e funcionamento intestinal.
Algumas pacientes costumam manifestar sintomas intestinais como diarreia ou constipação que podem estar ligados a vários fatores, dentre eles hábitos diários ou mesmo doenças ginecológicas. Sendo assim, é preciso avaliar cuidadosamente o caso, na tentativa de diagnosticar e identificar outras possíveis causas para estes sinais que podem estar sendo somados à doença primária e à piora do quadro clínico.
Sabe-se que as expectativas das pacientes quando submetidas a tratamentos cirúrgicos extensos são elevadas, por isso, identificar bem a relação entre hábitos intestinais com a doença e com a alimentação é fundamental para darmos todas as respostas necessárias. Neste contexto será feita uma avaliação nutricional completa, seguida de orientações alimentares imprescindíveis para a realização da cirurgia.
Também será avaliada a necessidade de suplementação com probiótico, proteína, vitaminas e minerais, elementos fundamentais no processo de cicatrização e estabilização da flora intestinal, o que diminui as chances de infecções e deiscências (ruptura das suturas intestinais). Além disso, também serão dadas informações sobre preparo alimentar pré-cirúrgico, caso necessário.
O processo cirúrgico naturalmente acarreta um aumento da resposta inflamatória do corpo e, para reverter esse quadro, é de suma importância que o sistema imunológico esteja em bom funcionamento. Isso é possível por meio de um estado nutricional pré-cirúrgico adequado, com boas reservas nutricionais de vitaminas, minerais, fitoquímicos, aminoácidos e bom equilíbrio de carboidratos e gordura boas.
Sendo assim, a desnutrição (baixo peso) e/ou o excesso de peso (obesidade) estão associadas a menor resposta imunológica e piora da resposta inflamatória, fatores que também poderão interferir em todo processo de coagulação e de cicatrização fundamentais para o rápido reestabelecimento das pacientes. Partindo deste princípio, o acompanhamento nutricional se dividirá em dois momentos:
O primeiro focado em conhecer melhor as pacientes, investigando doenças preexistentes, intolerâncias ou alergias alimentares, carências nutricionais e a necessidade, ou não, do uso de suplementos. E um segundo momento, focado em colocar em prática algumas necessidades e orientá-las no preparo alimentar pré-cirúrgico (1 a 2 dias antes da cirurgia), em conjunto com a equipe da proctologia.
O chamado “preparo pré-operatório” visa equilibrar a flora intestinal, diminuindo a população de possíveis micro-organismos patogênicos que poderiam dificultar a cicatrização ou até mesmo contribuir para a deiscência (abertura da sutura). Outro objetivo é diminuir a distensão das alças intestinais, ocasionada por gases, o que dificulta muito a visão do cirurgião nas cirurgias laparoscópicas.
Após a realização da cirurgia, a nutricionista fará visitas no hospital reforçando as orientações específicas para o caso, que prezam pela melhor recuperação e tolerância alimentar. Nesse momento, pode ser necessária uma mudança na consistência dos alimentos (dieta líquida, semilíquida, pastosa ou branda).
Tudo transcorrendo bem, a próxima etapa do processo é um momento muito esperado, o da alta hospitalar! Nela as pacientes serão orientadas a manter uma boa recuperação em domicílio e será mantido o contato com orientações e opções de cardápio que irão ajudá-las. Um ponto importante a ser lembrado é que essa alta ainda não é a final, pois, com alguma frequência, é possível observar demora na evacuação e/ou constipação.
A presença de um pouco de sangue nas fezes durante a primeira evacuação é normal. O volume deve ser pequeno e pode conter coágulos (pedaços), mas não é motivo para preocupação, pois terminará espontaneamente. Apenas casos de sangramentos mais vultosos e de tom vermelho vivo é que precisam de atenção, por isso é importante informar a equipe.
Outra ocorrência comum em casa é a distensão intestinal por gases, mas as pacientes serão orientadas sobre como facilitar a eliminação dos mesmos. Lembrando que as caminhadas iniciadas no hospital deverão ser mantidas.
Para alcançar os melhores resultados possíveis, uma alimentação equilibrada contribui para uma recuperação cirúrgica mais rápida, possibilitando o retorno mais breve às atividades.
Para mais informações: 0800 020 2019
Conheça os alimentos que podem ser benéficos para pacientes com endometriose: https://youtu.be/xJf0_aJy1B8
Fonte: Manual de Orientações Instituto Crispi
Por: Fernanda Mululo, nutricionista.
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